quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Educação no Maranhão e Brasil

Eu vim aqui comentar como, de repente, ou talvez não de repente, ou talvez até pudéssemos dizer tardiamente, a mídia Maranhense, a imprensa e, talvez, a população também comecem a perceber a importância da educação no processo do desenvolvimento. A verdade é que isso nunca houve.
A ideia dos desenvolvimentistas, entre os quais eu me situo, nos anos 70, 80 era de que a infraestrutura econômica geraria a economia e a economia geraria a educação. Está claro hoje que é o contrário. É a educação que vai gerar a infraestrutura, que vai gerar a economia.
Na semana passada, eu assistia ao debate entre os Jovens da Capital, e uma das perguntas foi: O que é mais importante: educação, saneamento ou segurança? E eu, ali, sentado como se estivesse numa cadeira de reservas assistindo a um jogo de futebol, doido para entrar em campo, como eu estive varias vezes, pensei: a resposta certa seria a energia. A energia é o mais importante, porque sem energia não haveria televisão; sem energia não haveria o programa; sem energia não haveria o debate. Mas não tem como ter energia sem ter engenheiros; não tem como ter engenheiros sem ter educação de base.
E a segurança? Dá para ter segurança sem ter um processo educacional que, primeiro, gere oportunidades iguais para todos, para que haja menos necessidade e tentações para a criminalidade?
E a saúde? Como ter saúde sem os remédios, sem os médicos, que dependem das faculdades, que dependem da educação de base? Todos sabem que uma população educada tem muito mais chance de ter uma boa saúde do que uma população não educada.
Então, no fundo, tudo é importante. Igualmente importante. Aliás, sem agricultura, não tem comida, e ninguém estuda; sem indústria, não tem bancas; sem construção, não tem escola. Tudo é importante! Agora, o vetor da transformação, o motor do progresso é a educação. E a gente sente que isso está mudando. Eu cito nesta reunião. Nenhum Presidente até hoje fez nada pela educação e é importante, que dê prioridade, mas não dizem como, não dizem o que vão fazer para começarmos a mudar a realidade, por que não querem. 
" Nós temos que usar esta campanha presidencial, eu imagino, com duas finalidades. Uma delas: mudar a cabeça dos brasileiros. A grande qualidade de um debate presidencial é ajudar a mudar a cabeça do brasileiro, como fez Juscelino. Nós comemoramos feitos de Juscelino como a construção de Brasília, a industrialização. Mas não. O grande feito de Juscelino foi fazer com que um País cuja cabeça era agrícola e rural ficasse industrial e urbana. Não foi fácil convencer o Brasil de que ele iria ter indústrias de automóveis, quando a gente estava acostumado a ter a produção de café, de leite. Foi difícil convencer o País a pensar como uma entidade urbana, pensar como uma entidade industrial. Está na hora de mudar a cabeça, e nós não estamos vendo isso"  Aelson Barros.

Eu estive lendo, ontem, um livrinho curtinho do Dr. Miguel Arraes de Alencar, velho Governador de Pernambuco, ele dizia, em 1982, que nós procuramos ver o problema do Brasil como se fosse a soma de probleminhas do Brasil. Não são probleminhas do Brasil que vão resolver o problema do Brasil. É o problema do Brasil que vai permitir resolver os probleminhas do Brasil. Existe um problema maior, o problema da Nação, o problema da concepção de para onde nós queremos ir.

E os nossos candidatos não estão fazendo o debate sobre isso. Eles apresentam soluções para estrada, soluções para a própria escola, soluções para a exportação. Eles não apresentam qual projeto de Nação cada um deles propõe para nós. Está faltando o debate ter o papel de mudar a cabeça do Brasil. Esse é um ponto. O outro, é como enfrentar um conjunto de problemas na concepção de um problema grande.

Por exemplo, nós temos hoje, todos falam, desde a crise de 2008, os aspectos financeiros. Essa crise foi criada porque, para crescer a economia, era preciso financiar, e financiou-se mais do que era possível. Um dia, alguns bancos quebraram. Quando esses brancos quebraram, veio a crise financeira, que carregou a crise econômica. Aí, joga-se dinheiro nos bancos para ver se os bancos voltam a financiar e a economia volta a crescer. Foi o que fez o Brasil, com muita competência técnica, mas com riscos muito grandes, porque a gente não tocou na estrutura da própria economia, que vai continuar exigindo muito financiamento, além das possibilidades de pagamento, como nós vamos descobrir daqui a alguns anos quando começar, outra vez, a acontecer as quebras.

Mas não é só isso. A gente resolve aumentando a economia e não percebe que isso gera uma degradação ambiental. Não tem como resolver a crise ambiental se a gente não tiver uma economia adaptada ao meio ambiente. Aí vem o problema social. Falo não só do problema social da desigualdade. A gente aumenta a venda de automóveis e fica preso no engarrafamento. O engarrafamento é um problema social da maior gravidade. Quantos milhões de brasileiros vão, hoje, passar horas em engarrafamentos, perdendo a vida, morrendo aos pouquinhos? Morre-se muito de uma vez quando se morre, mas morre-se um pouquinho quando se perde tempo.

Temos um grande problema ideológico, que é a concepção de projetos, que é o destino do País, que é o rumo que a gente quer. É aí que eu ponho a educação como o grande motor.

A educação traria a solução para os quatro ao longo do tempo. Isso não quer dizer que a gente tenha de esquecer o probleminhas de hoje; de jeito nenhum. É preciso enfrentá-los, todos eles, já, mas sabendo que só vão ser transformados quando nós os enfrentarmos em conjunto. É aí que eu acho que entra a educação.

Essa mudança tem que começar de nosso Municipio de Gov.Eugênio Barros e de todo o Brasil é só para reafirmar que é sempre a voz da educação. Se não me engano,  Não tem como a gente pensar num país que não leve a educação a sério. Eu acredito mesmo, para falar a verdade,  eu gostaria de ver um candidato a Presidente da República que colocasse assim: Olha, meu lema vai ser garantir a educação de qualidade para todos os brasileiros. É o item nº 1 do meu plano de governo, é o item nº 2, é o 3, é o 4, quer dizer, todos os itens do meu plano de governo vão ser fechados na garantia da educação. Melhorando a educação, melhora todo o País, melhora a qualidade de vida das pessoas. Nós vamos ter mais oportunidades, vamos ter perspectivas futuras. Quer dizer, tanta coisa que nós podemos garantir com a educação. Portanto, eu quero mais uma vez me associar a todos Maranhenses, a ideia é que a gente possa sempre se unir a favor daquilo que é fundamental para uma população que ser quer próspera, que é a educação dos seus filhos.
Quero concluir, dizendo que eu estava vendo uma lista dos homens mais ricos do mundo neste momento e nenhum deles herdou fortuna. É uma novidade que há no mundo. Os homens ricos e as mulheres ricas herdavam dinheiro. Nenhum herdou, todos fizeram suas fortunas, primeira coisa interessante. Segundo, todos fizeram suas fortunas graças a três fatos: primeiro, cada um deles teve uma boa ideia; segundo, cada um deles teve conhecimento para transformar a ideia em um produto; terceiro, cada um deles foi empreendedor para conseguir produzi-lo em grande escala. Isso mostra que o capital de hoje é o conhecimento, o capital de hoje não é mais a máquina.
A Educação é a sustentação do progresso de um país. Todo país que se preza e que quer o melhor para o seu povo investe mais e mais na educação. Costumo dizer que nós, às vezes, falamos para os nossos filhos ou alunos: estude para ser alguém na vida. Mas nós também não sabemos definir o que é ser alguém na vida. Mas a gente tem consciência de que é preciso ter educação de qualidade para abrir novos horizontes, até para distinguir a criança que nada teve e que chega à escola, Acredito que essa luta tem que ser nossa: aqui por todos, lá, por nós como militantes, por nós, na sala de aula, como professores.
É através da escola, daqui para a frente, que vamos conseguir chegar a ser alguém na vida, seja lá o que for ser alguém, porque, de fato, eu não sei definir o que é ser alguém. Não é necessariamente ter dinheiro, não é necessariamente ser um grande artista. É um conjunto de coisas. Inclusive depende da felicidade pessoal, que vem de fatores que não estão na escola, mas que quem tem educação tem mais chance de ter. Porque é difícil ser feliz sem ter um emprego. E é muito difícil ter um emprego sem ter escola, sem ter educação. Escola, família, mídia e a igreja podem ajudar muito também na composição desse menu da educação que a gente precisa.
Mas, concluindo, eu queria lembrar este fato: os grandes homens de fortuna de hoje não a herdaram. Eles construíram suas fortunas necessariamente a partir de uma boa ideia, do conhecimento, para transformar a ideia em um produto, e do empreendedorismo, para produzir esse produto em grande quantidade. É assim com o Bill Gates. É assim com o Steve Jobs. É assim com o que criou o Google. São esses, diferente de antes: ou era porque tinha herdado ou porque, como homem de negócio, terminava fazendo fortuna. Não precisava ter a idéia, não precisava ter o conhecimento. Hoje tem que ter. E o que vale para uma pessoa vale para um país.
O Brasil não vai ser uma grande potência se apenas aumentar exportações dos bens primários de hoje e eu coloco como bem primário hoje a indústria mecânica. bens primários eram a agricultura e a mineração. Não! Bem primário hoje é a agricultura, a mineração e a indústria mecânica. Os bens terciários, os bens secundários são os bens de alto conteúdo de conhecimento dentro deles. No Brasil, não estamos exportando bens com alto conteúdo de conhecimento. Nossos produtos são quase todos brutos, seja o minério de ferro, sejam mesmo os automóveis. São produtos brutos, porque a inteligência veio de fora. Até os nossos aviões, que é o que há de melhor da nossa criatividade intelectual, da nossa engenharia. Se você olhar dentro dos aviões da Embraer, a maior parte do conteúdo de alto conhecimento foi importado; a parte de navegação, os chips, o motor são bens importados.
Por isso, não perco a oportunidade de vir aqui falar desse despertar que sinto na mídia e mesmo em muitos de nós, de que a educação é o vetor do progresso, não é apenas um serviço como a limpeza urbana. Tem prefeitos no Maranhão que acha que educação é o mesmo que limpeza urbana, é uma obrigação de um serviço, não é o transformador; é necessário, mas não é o transformador. Está começando a haver um despertar nesse sentido.
Espero que essa campanha presidencial, mesmo que não desperte suficientemente, já traga o assunto. E a mídia vai, cada vez mais, tocar, porque o setor industrial e o setor econômico começam a perceber que o grande entrave daqui para frente para o nosso avanço vai ser a falta de mão de obra.
E para encerrar, Meus Amigos se me permite, eu quero contar um fato que aconteceu comigo faz algum tempo, um ano ou dois. Eu estava em uma pequena praia em no Maranhão, e, num restaurante, me reconheceram e trouxeram dois empresários, dois homens, jovens, jovens de 40 anos, algo assim, estrangeiros, europeus. O dono do restaurante disse que eles iam investir no Maranhão. E eles me disseram que tinham desistido de investir. Eu perguntei por que eles tinham desistido de investir, e disseram porque faltava mão de obra qualificada. Eu perguntei qual era o ramo deles, e eles disseram: Criação de cavalos.
Para mim, foi uma surpresa. E eu perguntei qual era a qualificação que necessitava para ter uma boa criação de cavalos. E ele disse: Nossos cavalos custam R$2 milhões, R$3 milhões, R$4 milhões. Nós não deixamos nas mãos de quem não for capaz de ler a bula do remédio em inglês, porque nossos remédios são importados. Depois, nossos cavalos são muito caros. Nós acompanhamos, dia a dia, passo a passo, o que comem, o remédio que tomam, quanto saltam, que velocidade têm, e isso só com análises, através dos computadores. Além disso, a gente faz o investimento, vai embora e fica administrando de longe pela Internet. Nós não encontramos aqui mão de obra capaz de fazer isso.
Criação de cavalo! Imagine os outros setores que este País precisa ter para ser um país dinâmico. Como vamos fazer sem esta base fundamental que é mão de obra qualificada?
A indústria está percebendo. Eu creio que o temos que começa a perceber. A mídia está percebendo. Em breve, tenho a impressão de que teremos despertado, sem necessidade de um Juscelino, que foi o grande mentor daquela transformação, para um processo quase que natural. Eu só espero que não demore muito.

Muito Obtigado,  Aelson Barros

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